sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

A beleza de Sofia




Foi na festa de setembro
Quermesse da padroeira
Que eu cai na bagaceira
Depois de cinco meiota
Eu e Sofia Cambota
Foi grande a minha alegria
Acordei no outro dia
Em minha cama flutuano
Feliz e admirano
A beleza de Sofia.

Nunca vi mulher tão bela
Com os cabelo assanhado
E os piôi tudo agarrado
Entrano na minha boca
Era essa a cabôca
Que a Santo Antônio eu pedia
Nas promessa que eu fazia
Insistente todo ano
E eu fiquei admirano
A beleza de Sofia.

Os zói trocado mirava
Um pro norte outro pro sul
Os peito era dois umbu
De tão pequeno e mucho
Só tinha banha no bucho
E a bunda nem existia
Quanto mais aquilo eu via
Pensava: “Eu tô sonhano”
Fiquei só admirano
A beleza de Sofia.

O apelido de Cambota
Por causa das perna dela
De tanto montar sem sela
Ficaram desaprumada
Eu disse: “Essa é minha fada
E nunca pensei um dia
Que tão feliz eu seria”
Eu tava era namorano
Fiquei só admirano
A beleza de Sofia.

Sua boca era tão murcha
Que até dava a impressão
Que num tinha dentição
Mas isso é pensar errado
Com os dente intramenlado
Toda vez que ela bebia
Por todo canto cuspia
Melano tudo e babano
E eu só admirano
A beleza de Sofia.

Acordamo no meu sítio
Que se chamava Serrota
Eu e Sofia Cambota
Nóis dois no meu pé-de-serra
Eu disse que aquela terra
Seria dela um dia
Sendo a minha companhia
Ter menino todo ano
E fiquei admirano
A beleza de Sofia.

Ela me deu um abraço
Disse: “Eu tô emocionada
Mas vou dá uma cagada
Pois eu num agüento mais”
Eu disse: “Vá lá pra trás
Da moita de melancia
Limpe com folha macia”
E fiquei ali cheirano
Fiquei só admirano
A beleza de Sofia.

Foi assim que começou
A nossa vida a dois
Só que seis meses depois
Chegou a disilusão
Comprei a televisão
E com aquilo que ela via
De tudo a mulhé queria
Os artista imitano
E eu só admirano
A beleza de Sofia.

Quando foi com mais um ano
Veio cuma novidade
Disse: “Eu vou na cidade
E preciso de dinheiro
Trabaiei o ano inteiro
Toda noite e todo dia
Sempre em sua companhia
Mas eu tô me acabano”
E eu fiquei elogiano
A beleza de Sofia.

Ela disse: “Eu vou cuidá
Um pouco do meu cabelo
Vou tirá das perna uns pêlo
Na tal de depilação
Nem que gaste um milhão
Vou fazer uma cirurgia”
Dei tudo que ela queria
A renda de vinte ano
E fiquei só maginano
A beleza de Sofia.

Eu disse: “vá minha gata
Faça o que quisé por lá
Se for pra mió ficá
Esse seu corpo bem feito
Se existisse algum jeito
Com certeza Deus faria
E mió te mandaria
Prus meus braço impurrano
Pra eu ficá adimirano
A beleza de Sofia”.

Meus zói se inchero dágua
Quando vi minha Cambota
Abandonano a Serrota
Montada numa jumenta
Pois a gente num agüenta
De vê nossa companhia
Parti numa montaria
Ir de nós se afastano
E eu fiquei me alembrano
Da beleza de Sofia.

Foi uma espera medonha
Quatro meses sem notíça
Feito urubu sem carniça
Nordestino sem baião
Fiquei numa aflição
Dia e noite, noite e dia
E naquela agonia
Eu fui me amofinano
Aperreado e alembrano
Da beleza de Sofia.

Mas um dia de manhã
Eu vi o sol mais bonito
De longe eu ouvi o grito
Da mulhé que eu esperava
Ela feliz galopava
Aquilo mais parecia
Um filme que eu vi um dia
Com os artista se abraçano
E eu fiquei só esperano
A beleza de Sofia.

Mas quando ela desmontou
Foi que eu vi a diferença
Eu quase num tive crença
Pois tava tudo mudado
Os óios tava aprumado
E quando a mulhé sorria
Os dente aparecia
A dentadura brilhano
E eu fiquei só comparano
A beleza de Sofia.

Os cabelo de fuá
Tava tudo estirado
Arrumou um penteado
Feito artista de cinema
Mas o meu maior problema
Era aquilo que eu via
A mulhé que eu queria
Tava ali só mudano
E eu fiquei me alembrano
Da beleza de Sofia.

E os peitim de umbu
Tudo siliconizado
Com os bico aprumado
Furano atrás do vestido
Os peito tinha crescido
Aquilo mais parecia
Coisa de feitiçaria
Só podia ser engano
E eu fiquei só me alembrano
Da beleza de Sofia.

Botou também silicone
Pra engrandecer a bunda
O que era reta e funda
Ficou grande e empinada
Dava cada rebolada
Que entronchava a bacia
Que eu pensei: “Ave Maria
Parece que eu tô sonhano
Tava tudo desmanchano”
A beleza de Sofia.

E por fim eu percebi
Quando olhei as perna dela
De torta e bela que era
Ficaro tudo aprumada
Disse: “Fui cirurgiada
Pois as perna carecia
De fazer uma cirurgia
Aquilo foi me enjoano
E eu fiquei só me alembrano
Da beleza de Sofia.

Foi quando eu me acordei
Com a Cambota dizendo:
“home o que é que tá fazendo
Que não levanta da cama”
Aquilo acendeu a chama
Fiquei feliz com o que eu via
Tinha amanhecido o dia
Vi que eu tava sonhano
Alegre fiquei olhano
A beleza de Sofia.

As perna tava cambota
E os dente entramelado
Os óio tava trocado
Um pro norte, outro pro sul
Os peitinho de umbu
E a bunda magra e sadia
Fizero a minha alegria
E eu fiquei pro céu olhano
Agradeceno e louvano
A beleza de Sofia.